A
cidade era a maior vendedora de sal da província de Minas Gerais. Ele era
refinado e trazido do Rio de Janeiro dentro de malas nos lombos de cavalos. Só
passou a vir dentro de vagões fechados depois de 1881, quando a rede ferroviária
foi inaugurada.
Na
praça central de Glaura,
distrito de Ouro Preto, a
placa mais procurada está pendurada em frente à igreja matriz, na parede da
casa de Maria Marta Carvalho: “Vende-se doce de canudo”. Há quarenta anos, pelo
menos uma vez por semana, ela prepara uma massa, enrola na taquara-do-reino (uma
planta parecida com bambu) e leva ao forno de lenha. Assim são feitos os
canudinhos. Para produzir o recheio, Maria Marta mexe o leite no tacho de cobre
por cinco horas seguidas até que se transforme no delicioso doce de leite.
Sabará é um grande produtor de jabuticaba do país, e a fruta
sempre foi utilizada na culinária local. Daí surgiu a ideia de realizar o
Festival da Jabuticaba, que acontece na época da safra (entre outubro e
dezembro) todos os anos. No Festival, é vendida a fruta em si, seus derivados –
o licor, a geleia, o vinho – e várias iguarias criadas conforme a imaginação de
cada doceira: compota, cachaça e molho, por exemplo. A fabricação dos produtos
é artesanal, o que ressalta todo o sabor da fruta, capricho e requinte da
tradicional culinária sabarense.
Com a exploração das minas de Catas Altas, o esgotamento de
ouro foi inevitável e deixou o arraial praticamente abandonado. Até que, em
1868, chega o Monsenhor Manuel Mendes Pereira de Vasconcelos para ser o vigário
do arraial e logo percebe o estado em que o lugar se encontrava. Monsenhor
Mendes decide, então, ensinar ao povo o passo a passo da fabricação de vinhos. Depois
de algum tempo, o padre acaba ganhando a mídia nacional e faz Minas Gerais sair
do anonimato na produção de vinhos, o que colaborou para que a população
elevasse sua autoestima. O vinho de Jabuticaba, que é fabricado e
comercializado hoje na cidade, surgiu quase 80 anos depois do vinho de uva, em
1949.
Diz a lenda que o nome Tabuleiro vem das mulheres da vila
que iam para os povoados vizinhos equilibrando em sua cabeças os “tabuleiros”
repletos de quitandas (bolos, doces, roscas, pães de queijo) que faziam para
vender. Quando chegavam em Conceição, era comum as pessoas dizerem “lá vêm as
mulheres do Tabuleiro”.
Segundo a
história oral e informal, os escravos não tinham direito de comer carne nas
senzalas. Para driblar essa imposição, as mulheres que trabalhavam nas cozinhas
das grandes fazendas faziam um bolinho de fubá, no formato parecido de um
pastel, escondiam pedaços de carne dentro dele e colocavam para assar nos fornos
à lenha e levavam para a senzala. Hoje, em bares e restaurantes da Estrada
Real, os pasteizinhos de angu fazem sucesso nos cardápios.